À moda antiga, Márcio leva os filhos de charrete à escola
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Aposentado e aos 51, Márcio Ferreira da Luz não possui carro. Então, quando precisa, coloca os filhos na charrete e desaparece. Ele já está habituado ao transporte. Todos os dias, percorre longos caminhos com a companheira. “Eu acordo as seis e meia. E já, às sete, estou na horta dos Pilatti apanhando comida aos porcos”, disse. Na volta para casa, a estaciona e vai tomar o café, feito pela esposa.
A principal renda da casa é a própria aposentadoria. Mas a charrete também ajuda com pequenos transportes. Márcio reside aos fundos da antiga “Prainha”, num lote do Jardim John Kenedy, em Campo Mourão. Lá mantém alguns porcos e cavalos. Aliás, é um completo apaixonado pelos equinos. Sua paixão começou há tempos, ainda quando participava de cavalgadas pela região.
O hobby também motivou os filhos, que cresceram montando os animais. E, pelo gosto das crianças, elas não se sentem envergonhadas chegando à escola deste modo ou a cavalo. “Eles gostam. Não têm vergonha. Vão faceiros”, explica o pai. De acordo com ele, como a estrutura é pequena, os dois meninos, Jeferson, 13, e Wesley, 11, vão no lombo dos animais. Já a menina, Helen, 14, segue ao seu lado na charrete. Depois de deixá-los em duas escolas, Márcio volta puxando os dois cavalos.
“Eu não gosto de carro, nem de moto e muito menos de celular. Sou do sistema antigo”, disse. O celular é porque tem dificuldades em aprender a mexer. Já o carro, segundo ele, é como uma família, tem os mesmos custos. “Tem o pneu, a gasolina, peças que estragam, impostos. Não quero isso não”, revela. Além dos animais, o único outro transporte é a bicicleta.
Márcio é um sujeito de bem com a vida. Alegre, extrovertido, humilde. Extremamente simples, leva a vida do jeito que tem que ser: com os pés no chão, ou no estribo. Há alguns anos, acabou de frente com o juiz. Foi denunciado por maus tratos. “O juiz me perguntou se eu tinha um advogado. Disse que não. Não posso pagar um. Disse a ele que meu advogado era Deus. Depois de me ouvir, apresentei notas de remédios que dava ao cavalo e me liberou”, disse.
No “jeitão” simples em viver, Márcio não para. Durante todo o dia cumpre a missão de lidar com os animais, zelar da casa, cuidar da esposa e dos filhos. “Tenho tarefas a cumprir toda hora. Mas é assim mesmo a vida. Vamos tropeçando, levantando a poeira. Mas continuamos na lida”, resumiu.
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