Jaroslau e o tesouro jamais encontrado

Depois de alguns dias na estrada, com um caminhão, chegaram ao local. Lá, pediram permissão ao dono da terra. Ouviram dele, que o lugar em questão, era mal assombrado. Ou melhor, bem assombrado. Roçaram uma parte do terreno, até acharem os resquícios da primeira escavação. Após sete dias, Jaroslau começou a ter visões de um homem negro, sem cabeça. O amigo, inquieto, desejava, mais uma vez, sumir dali – anos antes ele esteve na propriedade e teria visto coisas de outro mundo. E assim o fizeram. Noutro dia, já haviam desistido da empreitada. Cada um tomou o seu rumo. Aquela, foi a última vez que Jaroslau viu o amigo.
Agora, sabendo o local a procurar, Jaroslau retornou pela segunda vez, levando o próprio irmão. Passaram 70 dias em busca do ouro. Nada encontraram. A volta até Campo Mourão não foi boa. Conhecidos seus, começavam a sub julgá-lo. Principalmente, porque comentavam que ele falava com espíritos. Iniciava aí, a fama de Jaroslau ser “desmiolado”. Ou seja, uma espécie de “louco”. “Eu nunca liguei pra isso”, disse.
Em Goiás, ficava sob lonas improvisadas. Passava dois a três meses em cada ida. Levava ferramentas, comida. A jornada também era árdua contra animais peçonhentos. Foram muitas serpentes em seu caminho. No entanto, a maior dificuldade, era para manter comida no local.
Um tempo depois, Jaroslau retorna pela terceira vez a caça ao seu tesouro. Moradores locais do Centro Oeste, já se incomodavam com sua presença. “Eles diziam que o local era assombrado. E, se nada acontecia comigo, era porque tinha um pacto com o diabo”, disse. Durante suas idas e vindas a Campo Mourão, Jaroslau deixou a religião Católica – depois de 37 anos -, passando agora, a participar da Espírita.
Na quarta vez que voltou a Goiás, a propriedade que escavava havia sido vendida. Mas o novo proprietário se comprometeu a deixá-lo buscar o tesouro. Fizeram um termo de arrendamento. E, assim, as escavações continuaram. O irmão de Jaroslau não foi desta vez. Enquanto jaroslau lá estava, o irmão morreu.
Tantas foram as vezes em Goiás, que a população local deixou de temê-lo. Agora, viam nele a figura de um curador. Uma pessoa abençoada. Passou a orar e ajudar a comunidade. Sua jornada em busca do tesouro se resumiu a 30 idas e mais de 400 buracos abertos. Se juntasse todo o tempo trabalhado, daria cinco anos, entocado na quiçaça. Ouro mesmo, jamais encontrou.
Hoje, aos fundos da casa, num balde azul, Jaroslau mantém achados das escavações. Alguns talheres em ferro. Parte de um vaso trabalhado, além de cerâmicas e marcas em pedras. Segundo ele, são objetos deixados há cerca de 300 anos pelos primeiros portugueses ali instalados.
Os objetos teriam pertencido a uma família portuguesa. Casal e um filho, teriam vindo ao Brasil, por volta do ano de 1700. Aqui, descobriram ouro e o esconderam. Para não entregar a fortuna ao governo português, o enterraram. Mas, segundo Jaroslau, os três foram mortos pelos homens da lei, da época. Mesmo pressionados, não revelaram onde enterraram o tesouro. Acabaram assassinados. As mortes iniciaram as narrações sobre a assombração daquelas terras.
QUEM É JAROSLAU?
Jaroslau Onesko tem raízes na Ucrânia. Aos 86 anos, fez da sua casa, um local místico. Não é exagero dizer: virou um lugar chamativo a turistas. Lá, construiu um jardim de pirâmides. Em sua vida como empregado, trabalhou e ganhou dinheiro. Mas, depois, desenvolveu projetos pessoais. Deu quase tudo errado. Faliu em pelo menos três deles. Hoje, viúvo e distante dos quatro filhos, leva a vida terrena sozinho. Espiritualmente, segundo ele, sempre está em boas companhias. Com conhecimento apurado sobre o plano espiritual, escreveu um livro. Nele, prega a caridade e o amor. Para ele, Deus está mais presente do que se imagina. Inclusive, seu filho, Jesus, já retornou à Terra. Está com oito anos, e vive no Brasil.
Ali, no centro de Campo Mourão, na esquina da avenida Goioerê com a rua Devete de Paula Xavier, um terreno de dois mil metros quadrados evidencia algo diferente. O seu jardim, ao invés de plantas, contém pirâmides. Mais de uma centena delas. Coloridas e, de diversos tamanhos, são o reflexo de quem as produz: Jaroslau. Lúcido e ativo, as constrói, uma a uma, quase todos os dias. E ele tem um propósito: Contribuir na radiação de energia positiva à humanidade. Além delas, pequenas naves extraterrestres – uma sobre a sua casa e outra num pedestal – foram construídas por ele. Até luzes contém.
Filho de ucranianos, conta que os primeiros descendentes deixaram a Europa rumo ao Brasil, ainda em 1880. Seu pai instalou-se na pequena Prudentópolis, no Paraná. E foi lá, em 1934, quando Jaroslau nasceu. Desde o início, cresceu sob a disciplina e educação católica da família. Já, aos 18 anos, querendo ser alguém na vida, pediu dinheiro emprestado ao pai. Queria montar uma fábrica de cabos de vassoura. Na época, o patriarca tinha os bolsos estufados por notas. Afinal, quase não haviam agências bancárias para se guardar as cédulas. A grana foi negada. “Ganhe o seu próprio dinheiro. Você precisa saber quanto ele custa”, disse o genitor.
Decepcionado, Jaroslau então arrumou as malas e, agora, rumou a Ponta Grossa. Lá, por dois anos, serviu o Exército. Ao mesmo tempo, fez cursos técnicos, principalmente, nas áreas de administração, economia e ciências contábeis. Pensando alto, arrumou emprego. Mas o “soldo” era muito baixo. Mandou tudo às favas e seguiu à capital do estado.
Em Curitiba, se aperfeiçoou ainda mais na área contábil. Buscou emprego na Mate Leão. Conseguiu. Morava num hotel. E guardava quase tudo o que recebia. Na época, trocava de terno todos os dias. Um tempo glamuroso. Quando as pessoas se vestiam bem, com chapéus e roupas sociais. Querendo mais prosperidade, abriu um mercado de gêneros de primeira necessidade. A grana injetada, perdeu-se. Foi a primeira falência. Ainda no grupo Mate Leão, trabalhou mais dois anos. Juntou uma boa quantia novamente. Os rumos desta vez, o levariam a Campo Mourão.
Então, em 1959, chegou com a finalidade de atuar como contador. Mas, mudou de idéia. Aos 24 anos, decidiu reativar os planos da fábrica de cabos de vassoura – a mesma pensada aos 18 anos. Nesta mesma época também foi candidato a vereador. Não se elegeu. Comprou um caminhão Ford 1961 e passou a transportar madeira. E, ali, idealizou ter sua própria serraria. Prosperava e crescia em todos os sentidos. Com 27 anos, armadilhas começavam a surgir em seu caminho. Veio o regime militar, e as coisas pioraram. Jaroslau quebrou, em todos os sentidos.
Por estes mesmos tempos, conheceu uma mulher, com quem se casou. Foram 42 anos de relacionamento, numa extrema falta de dinheiro. As dificuldades foram tantas que, determinado momento, pensou em abandonar a família. Mas decidiu ficar e pagar pra ver. “A vida é dura pra quem é mole. E eu não poderia ser mole”, disse. Jaroslau aprendeu que, diante dos problemas, a humildade é bem maior que o orgulho. Mesmo “falecido” financeiramente, honrou cada um dos seus 27 credores. Restava agora, vender produtos alimentícios – maçãs - em feiras de todo o estado. Era o que havia restado.
As dificuldades eram muitas. Por algumas vezes, ainda cansado do trabalho em feiras, retornava à casa com água e luz cortadas. Além disso, faltavam itens básicos à família. “Comento isso para dividir o sofrimento que passei. Com fé em Deus e paciência, tudo se resolve”, disse. Maria do Rosário Martins Onesko, a esposa, morreu em 2008.
MISSÃO CÓSMICA
Todo o conhecimento espiritual adquirido ao longo do tempo, não surgiu ao acaso. Conta que, ainda aos seis anos, na véspera de Natal, acordou ansioso pelo presente. Passou a mão sob o travesseiro e lá estava um embrulho. Era um doce tão gostoso, que lembra dele até hoje. Mas, naquele momento, pensou se tratar do presente deixado pelos pais. Não era. Depois de agradecê-los pelo confeito, revelaram não saber do que se tratava. O pai então levou o seu brinquedo. Para Jaroslau, tratava-se de um regalo cósmico. Um presente de Deus. Até hoje, ninguém explicou de onde aquele doce surgiu.
Já aos nove anos, Jaroslau teve uma visão com um fazendeiro. O viu morto dentro de um caixão. Pensou se tratar apenas de um sonho. Mas não era. Três dias depois, toda a cena “imaginada”, foi vista no velório real do próprio fazendeiro. Ele havia morrido. De verdade.
A partir daí, mesmo seguindo os ensinos católicos, tinha visões extra terrenas. Com o tempo, embrenhou-se nos ensinamentos espíritas. Anos mais tarde, deixou-a. Mas o tempo ditou o que viria. Então, desde 1990, começaram a ser liberadas e executadas as providências de cunho administrativo a serem trabalhadas e implantadas para iniciar o seu novo caminho. Jaroslau explica que foi preparado e considerado apto pelos comandos divinos superiores.
No mundo espiritual, ainda não compreendido pela maioria da população, Jaroslau chegou a realizar atendimentos. Atualmente, não mais. Hoje, ele faz parte de um plano espiritual para que o planeta elimine o mal. É meio difícil explicar. Mas seriam reuniões diárias envolvendo seres extraterrestres, Deus, Maria e o próprio Jesus. Este último, inclusive, segundo Jaroslau, nasceu há oito anos, no estado de Goiás, com fisionomia indígena. Seu nome cósmico é Cristo Sananda Índio.
Enquanto o mal ainda habita a Terra, no plano terreno, Jaroslau continua a jornada para concluir as sete mil pirâmides em sua vida – já fez mais de 6,8 mil. De acordo com ele, os artefatos foram codificados com as pirâmides do Egito. Servem como uma espécie de base para que os seres de luz façam trabalhos visando o bem da humanidade. “Em breve estes serem se apresentarão às pessoas. Mas antes disso acontecer, preparativos estão sendo realizados”, explica. Jaroslau enfatiza que, as pessoas têm o direito em não acreditar no que ele acredita. No entanto, as mesmas devem, no mínimo, respeitar o seu trabalho.
SERVIÇO – “Meu Encontro com Deus”, livro escrito por Jaroslau Onesko, pode ser encontrado na Internet. No FaceBook, jaroslau Onesko dos Santos
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