O livre arbítrio de Claudiomir e Franciele
Antes disso, em 2019, o casal mantinha uma vida normal, com ambos trabalhando. Mas um acidente de moto mudou tudo. Franciele passou a depender de uma cadeira de rodas. Saiu do hospital com graves sequelas na bacia e coluna. Passando a depender do companheiro, a tudo. Ele acabou ficando sem emprego. E, mais adiante, sem um teto e dignidade.
Sem casa, a saída foi a rua. Uma pastora ainda lembra da cena. Logo após deixar o hospital, os dois passaram a morar na praça da igreja do Lar Paraná. Ganharam um colchão de casal e lá, permaneceram, praticamente, ao relento. Mesmo com Franciele utilizando uma gaiola na bacia. “Foi terrível. Tinha que trocar as fraldas dela ali mesmo”, lembrou Claudiomir. Os dois estão juntos há 14 anos. E, mesmo diante do abismo em que permaneceram, jamais se separaram.
Foram três anos nas ruas. Período em que viram e presenciaram de tudo um pouco. Ainda em 2021, estavam alojados num prédio abandonado, na área central da cidade. Não tomavam banho, não possuíam nenhuma condição de higiene. “Quando eu perdi o emprego, saímos da casa da mãe dela. Era ruim ficar pedindo as coisas. Então nos viramos como deu”, lembrou. Na busca por algo melhor, acabaram encontrando apenas desgosto, humilhação, falta de piedade.
No entanto, não há mal que dure para sempre. Esta semana, a vida decidiu cooperar com os dois. Precisando de uma nova cadeira de rodas, Franciele foi agraciada. Através da ajuda do Pastor Adão, da Comunidade Salvando Vidas, ela agora abandonou a velha. Estava com os dois pneus estourados. Peças caindo. Desconfortável a quem muito depende dela. A entrega aconteceu onde o abismo do casal teve início: na praça da igreja do Lar Paraná.
Além da nova cadeira, Claudiomir revelou ter parado com o crack. Mais que isso, ganhou um emprego e voltou a morar com a sogra, mãe da esposa. “Temos o nosso quartinho, um teto. Reconquistamos o amor próprio. Tudo será melhor agora”, disse. Juntos, os dois estavam com uma aparência saudável, roupas limpas e um sorriso verdadeiro, antes jamais visto.
Adão revelou sempre ter dado apoio aos dois na rua, seja com refeições, seja com um carinho. E eles não o esquecem. “Nunca podemos dar as costas às pessoas em vulnerabilidade social. Elas não estão ali porque querem. Sempre há um motivo que as levam. Acreditar vale a pena. Este é o caso deste casal”, disse o pastor.
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